Dia do Amigo
No dia 20 de julho todo mundo manda cartão virtual pra todo mundo: é o Dia do Amigo.
Acho bacana que algumas pessoas sejam lembradas por outras.
Eu me emocionei quando recebi uma mensagem da Paola, uma outra da Flávia, um cartão da Fati...
Revendo a minha vida, lembrei de muita gente que gosto e que posso chamar de amigo.
Pessoas que, por circunstâncias diversas, eu não vejo mais.
Só que, de repente, do nada - ou de tudo - reaparecem.
Foi assim quando recebi o telefonema da Regina, com quem fiz colegial, e que não vejo há 20 anos, dizendo que vai comemorar o aniversário de casamento e me queria presente.
Ela escolheu, dentre tantos colegas de escola, eu e mais duas amigas daquela época para estar lá. Muito bacana!
Outro dia, uma garota deixou recado no orkut, na comunidade do colégio onde estudei: "você era amiga do Sergio Jonet?"
Respondi prontamente: "Sim. E não o vejo há 27 anos! Você sabe dele?"
E ela retorna: "Sei, sim... ele é meu pai". Que emoção! Troquei dois emails com ele, que sumiu de novo, mas foi tão bom senti-lo
na minha vida.... como se toda aquela fase viesse junto, com momentos que não quero esquecer mais e que só me lembro quando coisas assim me acontecem.
Meu primeiro namorado... Luiz Carlos... esse, vez ou outra me liga. E eu acho muito bacana, porque ele se casou com uma mulher sensacional, tem um filho, é feliz e mesmo assim sabe o que nos significamos, como aprendemos mais de nós mesmos, num tempo de inúmeras descobertas... ficamos amigos, sem dúvida.
Também teve a vez em que a Heloísa me ligou. Queria apresentar seu estúdio e aproveitar para me rever.
E com Heloísa vieram as férias deliciosas em Descalvado, cidade do interior paulista, com acampamentos em fazendas e bailes de carnaval no clube dos ídos anos 80.
Também tem aquelas amizades que nunca se perdem, nem por algum tempo. Exemplo disso é minha amiga Neide, que conheço desde os 10 anos, com quem cresci, fiquei adolescente, depois adulta (quando me casei - ela foi minha madrinha - e virei mãe). Quantas vivências de alegria e dor nós compartilhamos. Tem a Ciça, que entrou na minha vida na juventude, levando-me a conhecer um pouco mais de meu lado espiritualista, de crenças e credos, que me prepararam para uma fé mais madura e menos dogmática que carrego hoje comigo.
E aí eu percebo que os amigos são muitos. Especialmente aqueles que nos trazem o novo e nos colocam diante de nós mesmos.
Os que fazem diferença e que, por algum motivo, quando veem à mente, fazem sorrir ou dar um suspiro aliviado, como que dizendo: 'que bom que, em algum momento de minha história, a gente se cruzou!'
Não importa se está perto ou se está longe, se sempre vejo ou nunca mais encontrei. O que vale, para mim, são essas sutilezas.
A esses amigos de sempre, que chegaram antes ou vieram depois, que não estão mais no meu horizonte ou fazem parte de meu cenário hoje, é que dedico este dia. Aos já citados no texto e aos que citarei... sempre pecando por esquecer alguém... mas só agora, juro!, num texto improvisado, porque no meu coração, moram para sempre.
Gabi, Helena, Cleo, Dado, Marta, Paulina, Lu, Cida... Gerson, Nei, José, Edu, Irineu... Aiaiti, Denise, Olivia, Cris... Angela, Edson, Fred, Marcelo, Lael, Calbert... Carol, Dea, Oswaldo, Ronaldo, Samuel, Kaled, Ruy, Alê, Silvio...
Dias Festivos
Ela abriu o calendário, buscando comemorações importantes.
Hum... quando é mesmo o Dia dos Ex-namorados?
E o Dia da Dependência do Brasil?
Em qual mês é o Dia do Ócio?
E o da Consciência Índia, Oriental e Branca?
Olhou, fuçou e nada. Estava bem incompleto...
Resolveu, então, checar as datas menos festivas:
o Dia do Não Fico. O Dia das Fadas. O Dia do Inimigo.
O mês em que são lembrados Os Vivos.
Não encontrou nenhuminha. Tudo muito estranho.
Fechou a agenda e voltou a dormir.
Definitivamente, ela não era desse Planeta.
Bodas de Prata
Não eram Olimpíadas nem a Copa do Mundo,
mas a sala parecia um pódio, tamanha prataria.
Na mesa central, o bolo que entregava,
em numerais prateados, os 25 anos de vida em comum.
Ela passou o dia se arrumando, num salão de beleza renomado -
presente dos filhos.
Ele foi à sauna e depois tomou uma cerveja com os amigos -
os mesmos que foram seus padrinhos de casamento.
Na hora da festa, família e amigos comentavam a beleza do casal.
Ele abriu a champagne, ela fez o primeiro corte no bolo,
e todos valsaram até altas horas, no salão iluminado.
De madrugada, quando o último convidado se foi,
os dois sentaram-se à mesa, ela para desabotoar a gola do vestido,
ele para tirar os sapatos apertados.
Olharam-se e, de repente, começaram a rir sem parar.
Relembraram as falas clichês de alguns convidados,
que os parabenizavam pelo amor eterno.
A cara de felicidade dos vizinhos, dos primos, sobrinhos.
Riam e riam, sem conseguir fôlego tamanha graça.
"Já pensou se descobrem? ", gargalhava ele para ela.
"Nem me diga!", respondia ela, já se engasgando.
Há 15 anos não dormiam juntos, não sonhavam juntos,
não se amavam.
Agora restava planejar as Bodas de Ouro.