19 de abril de 2010

Da série Datas Comemorativas

Índio quer sossego

Hoje é o dia do índio.

E eu nem tenho uma tribo.
Mas comemoro assim mesmo, imaginando-me banhando nas águas frescas de um rio depois de uma caçada bem-sucedida. Mas acho que eu seria uma índia vegetariana... porque morro de pena dos bichinhos mortos. E confesso que não tenho vocação pra arrancar couro e retirar tripas.
À noite eu deitaria na rede e consumiria um chazinho alucinógico leve. Viagens próximas, sem loucuras. Apenas um relax.
Marcaria consulta com o pajé uma vez ao mês para colocar meus demônios pessoais para fora.
Amassaria os grãos para fazer farinha. Mas não me arriscaria no artesanato. Sou péssima.
Faria festas, dançaria para os deuses e me pintaria de urucum.
Aproveitaria para criar lendas e ganharia a vida como contadora de histórias para curumins.
Mas eu me vejo é no meio dessa cidade cinza e árida, em que o branco é quem manda e manda tudo de um jeito torto.
Ah... como eu queria fazer - nem que fosse só hoje - um programa de índio...

Da série Boleira

E pimba na gorduchinha!


Não adianta. Eu até tentei assistir ao futebol com olhos masculinos. Procurei participar das discussões apaixonadas, comentando o impedimento ou o possível penalti. Mas não dá. Que eu gosto da bola rolando, eu gosto. Acho bem bacana essa coisa dos 11 em cada lado, o goleiro rendido, as traves, a emoção da torcida. Assisto e torço, especialmente quando o meu time joga. Mas meu time não joga... não tem jogado. Uma porque tá ruim à beça, outra porque já caiu fora do campeonato (consequência de uma péssima performance, é claro). Mas eles nem sabem que eu desconheço a escalação e já me esqueci o nome do técnico - acho que trocou recentemente. Mas do goleiro, eu não me esqueço... São Marcos!!!
Tudo bem porque sobraram times que até curto acompanhar.
Mas não no mesmo ritmo e no mesmo pique dos marmanjos com quem vez ou outra divido a tela da TV, numas de estar ali e fazer parte.
Faço parte, eu sei. Mas do meu jeito.
Observo os patrocinadores decalcados nos uniformes. E acho muito engraçado que uma empresa aprove ter seu nome estampado na bunda do atleta. Cada um, cada um...
Olho as coxas de alguns e os gambitos de outros. Jogador de futebol brasileiro,com raras exceções, é feio que doi. Mas as coxas aliviam. São fortes, torneadas... Valem o esforço de tentar entender por que, meu Deus, o cara cai vitimado por uma falta, rola no chão que nem minhoca, faz careta de dor, como se estivesse à beira da morte, depois levanta e sai saltitando pra continuar na peleja. Que drama!
Também fico atenta às cusparadas. Você já reparou como esses caras cospem no campo? E depois caem lá, de cara no gramado... Ou, ainda, quando o juiz aponta o meio do campo, pra encerrar o primeiro tempo, e de suor pingando eles trocam a camisas e... se abraçam!!!
E o juiz? Que figura, né? Legal mesmo é quando ele participa de alguma jogada.
Minha torcida incondicional é sempre para o goleiro. De qualquer time. Que situação!!! Ainda bem que não sou mãe de um deles, porque enfartaria, com certeza.
Mas o melhor de tudo, a meu ver, são os comentaristas. Ontem mesmo, me diverti com uma dupla que, diante de uma jogada x, começou a profetizar: "ele deve ter feito isso porque se lembrou daquelas jogada no jogo y, em 2003, quando a bola veio pela esquerda e ele não dominou, usando a direita", e o outro: "Ele está pensando que agora, mesmo com esse lance, não tem como dominar desse jeito com a marcação do fulano". Quanta sabedoria!
Gosto também da participação dos telespectadores, online. Cada pergunta... e agora tem uns que mandam a foto ou se exibem pela webcam! Um mico!
Pois é assim que me envolvo. E não ligo por não saber nem de longe o que seja, afinal, impedimento. Muito menos as regras do goleiro para pegar a bola recuada. Nada! Tô feliz com o meu jeito de assistir à pelada. E adoro quando chega o meio tempo, porque as propagandas de cerveja estão cada vez melhores...