Pelo ralo
Por causa de uma inundação causada pela velha máquina de lavar, descobri que a área de serviço de meu apê - e também a cozinha - não tem ralo.
Imagine: é meia-noite, eu de pijama, no frio inverno de 2009,
parada no meio da água - sem andar sobre ela...quem me dera! -
querendo entender como é possível um engenheiro do século 20 - ou 21 - não pensar nisso?!
De que maneira tirar toda a aguaceira que se formou - por causa da maldita e velha máquina de lavar -
se não há por onde escorrê-la? Nenhum buraquinho, nenhuma saída...
A indignação foi tanta, que sai batendo o pé n'água para sentar-me na sala.
E comecei a achar que me faltam ralos.
Tenho muita coisa represada: o velho, o sem gosto, o inodoro e incolor.
Inutilidades criadas para disfarçar coisas que não sei como lidar.
Por onde escorrer esse todo que não tem mais lugar em mim?
Preciso de ralos! É urgente! Os meus e os da área de serviço e da cozinha.
Enquanto isso, cubro o chão inundado com panos e trapos.
Deixo lá e vou dormir. Amanhã repenso. Faz muito frio, passa da meia-noite e minha represa interna pede trégua antes de se deixar romper.
0800
-- Alô?
-- Alô! Pois não.
-- Por favor, é uma emergência!
-- Sim, em que posso ajudá-lo?
-- Não sei ainda.
-- Como?
-- Não sei em que você pode me ajudar...
-- Mas, por que ligou então?
-- Porque sinto que preciso de alguma coisa.
-- Sei... mas de que, exatamente?
-- Não sei...
-- Meu senhor, me desculpe... mas tenho outras ligações para atender.
-- Por favor! Não desligue! Preciso de você. É urgente!
-- Mas se o senhor não me diz como ajudá-lo...
-- Já sei! Já sei o que eu quero!
-- Sabe? Então me diz.
-- ...
-- Senhor? Senhor? Está na linha ainda?
-- ...
-- Senhoooorrrrrrr????!!!!!
-- Não grite, por favor.
-- Mas o senhor parou de falar e eu...
-- Obrigado. Já tive o que precisava.
-- Já? Mas...
-- Você ajudou muito.
-- Mas o que o senhor queria, afinal?
-- Não sei...
-- Mas... mas...
-- Obrigado, de coração. E boa noite.
-- ....
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Lalinha, sei que falhei com você. Mas não sou santo. Erro muitas vezes.
Errei contigo, não nego. E peço desculpas. Como você não quis mais falar comigo, publico este anúncio.
Preciso que você me faça um favor urgente: procura me esquecer, desvia seu pensamento de mim. Apaga da memória toda a felicidade que a gente construiu juntos. Sabe aqueles momentos deliciosos que juramos repetir para sempre? Então... finge que não foi com você. Comece a me odiar agora mesmo e a desejar que eu seja infeliz.
Por favor! Respeite essa minha urgência de ter certeza de que não temos mais qualquer chance juntos, de não nos abraçarmos nem nos beijarmos como sempre fazíamos. De não sonharmos mais nem fazer planos doidos e divertidos. Anda logo com essa raiva e deixe-a transbordar no seu peito. Mas, depressa. Coloque outro no meu lugar. E espalhe por aí que com ele você é bem mais feliz. E aproveita para jogar minhas cartas, fotos e presentes que te dei no lixo. Queime tudo. É mais garantido. Porque só assim, morto em você, posso me manter vivo em mim. Adeus. Leco.
Imagine: é meia-noite, eu de pijama, no frio inverno de 2009,
parada no meio da água - sem andar sobre ela...quem me dera! -
querendo entender como é possível um engenheiro do século 20 - ou 21 - não pensar nisso?!
De que maneira tirar toda a aguaceira que se formou - por causa da maldita e velha máquina de lavar -
se não há por onde escorrê-la? Nenhum buraquinho, nenhuma saída...
A indignação foi tanta, que sai batendo o pé n'água para sentar-me na sala.
E comecei a achar que me faltam ralos.
Tenho muita coisa represada: o velho, o sem gosto, o inodoro e incolor.
Inutilidades criadas para disfarçar coisas que não sei como lidar.
Por onde escorrer esse todo que não tem mais lugar em mim?
Preciso de ralos! É urgente! Os meus e os da área de serviço e da cozinha.
Enquanto isso, cubro o chão inundado com panos e trapos.
Deixo lá e vou dormir. Amanhã repenso. Faz muito frio, passa da meia-noite e minha represa interna pede trégua antes de se deixar romper.
0800
-- Alô?
-- Alô! Pois não.
-- Por favor, é uma emergência!
-- Sim, em que posso ajudá-lo?
-- Não sei ainda.
-- Como?
-- Não sei em que você pode me ajudar...
-- Mas, por que ligou então?
-- Porque sinto que preciso de alguma coisa.
-- Sei... mas de que, exatamente?
-- Não sei...
-- Meu senhor, me desculpe... mas tenho outras ligações para atender.
-- Por favor! Não desligue! Preciso de você. É urgente!
-- Mas se o senhor não me diz como ajudá-lo...
-- Já sei! Já sei o que eu quero!
-- Sabe? Então me diz.
-- ...
-- Senhor? Senhor? Está na linha ainda?
-- ...
-- Senhoooorrrrrrr????!!!!!
-- Não grite, por favor.
-- Mas o senhor parou de falar e eu...
-- Obrigado. Já tive o que precisava.
-- Já? Mas...
-- Você ajudou muito.
-- Mas o que o senhor queria, afinal?
-- Não sei...
-- Mas... mas...
-- Obrigado, de coração. E boa noite.
-- ....
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Lalinha, sei que falhei com você. Mas não sou santo. Erro muitas vezes.
Errei contigo, não nego. E peço desculpas. Como você não quis mais falar comigo, publico este anúncio.
Preciso que você me faça um favor urgente: procura me esquecer, desvia seu pensamento de mim. Apaga da memória toda a felicidade que a gente construiu juntos. Sabe aqueles momentos deliciosos que juramos repetir para sempre? Então... finge que não foi com você. Comece a me odiar agora mesmo e a desejar que eu seja infeliz.
Por favor! Respeite essa minha urgência de ter certeza de que não temos mais qualquer chance juntos, de não nos abraçarmos nem nos beijarmos como sempre fazíamos. De não sonharmos mais nem fazer planos doidos e divertidos. Anda logo com essa raiva e deixe-a transbordar no seu peito. Mas, depressa. Coloque outro no meu lugar. E espalhe por aí que com ele você é bem mais feliz. E aproveita para jogar minhas cartas, fotos e presentes que te dei no lixo. Queime tudo. É mais garantido. Porque só assim, morto em você, posso me manter vivo em mim. Adeus. Leco.
3 comentários:
Putz, nem me fale em área de serviço!
Quando vou lavar roupa tenho que colocar um balde pro cano da máquina vomitar toda água pq o "engenheiro" do prédio não pensou que naquele prédio as pessoas usariam máquina de lavar.
Aí é aquela coisa, quando a máquina vomita, corre eu esvaziar o balde no tanque... é flórida!
Hei! Que desenho é esse lá em cima? Humpf!!
Bjs,
Ale A.
Desenho feio, né, Alê? Jeitinho meu de dizer q preciso de vc pra melhorar isto aqui...rssss.
Bjs
Mari, Estes 3 gostei muito! O ralo é demais hem?
Vou te contar! Adorei o Lalinha também,.
Beijo
Cris
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