24 de setembro de 2009

Da série Desconstruindo

Cadê?

Eu era assim, ó: controlava tudo.
Desde a conta do banco, a hora de acordar, comer e deitar, até o crescimento das plantas, o começo, meio e fim de minhas histórias pessoais, o que ia dizer sabendo o que o outro ia pensar; o que pensar ao dizer do outro.
Controlava a temperatura dentro de casa, e fora dela, o meu intestino – quando prender, quando soltar.
Os sentimentos e sua intensidade – agora é hora de odiar muito!!! Agora é pra se apaixonar total!!! Agora esquece esse e procura outro!!!
Controlava o trabalho, quem trabalhava comigo e quem não trabalhava.
Imaginava o que comprar para agradar aquele que sempre se desagradava e já sabia o que ele ia dizer quando o surpreendesse.
Controlei a gravidez, as contrações, a dor que senti, a depressão que veio depois...
Os orgasmos – dele e meu -, os gemidos na hora da transa, o revirar de olhos...
Tudo, absolutamente tudo, estava sob o meu controle!
Mas um dia, sem mais nem menos, dei de cara com a minha kriptonita, que derrubou um a um os meus poderes de autocontrole e de controle alheio.
Puft! Sumiu: a conta no banco estoura todo mês. Não sei mais o meio e o final de minhas histórias pessoais. A temperatura desregulou total. Nem imagino o que o outro está pensando, muito menos o que vou dizer. Perdi a noção do que comprar pra aquele que reclama de tudo. Não sei mais qual é a melhor hora dos orgasmos – meus e dele. Meu intestino? Agora tem vida própria!
E cadê o maldito controle da TV?

2 comentários:

Tita disse...

Foi assim que eu comecei. E dei nisso: total descontrole. Mas quer saber se quero voltar ao controle? Eu heim? Fico por aqui, me descontrolando total.
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Cris

Anônimo disse...

"... desorganizando posso me organizar, me organizando posso desorganizar." Como diria o profeta Chico Science.
Bjs... Ale