9 de março de 2010

Da série Rodoviária

Folgando

Tô na fase do "é relativo".
Olha esta: fui à rodoviária comprar passagem.
Peguei metrô e nos pés tinha acomodado um par incômodo de sapatos que insistiam em não caber, de tão largos.
Lembrei porque eu não os usava há tanto tempo! Pena que só tive essa clareza já no meio do caminho, tropeçando e quase deixando meu pé esquerdo em algum lugar da plataforma.
Mas vamos em frente, aos trancos.
Depois que fiz o que tinha de fazer lá, na rodoviária, percebi que não dava mais.
Ir para uma reunião de trabalho daquele jeito, perna-de-pau? Sem chance!
Então, aos solavancos, procurei uma loja ali mesmo, na rodoviária.
Dei de cara com um par simples mas com jeito de Mari. Salto sutil, do jeito que gosto pro dia a dia.
Experimentei. O número 35 ficava largo. "Traz o 34, por favor?"
Beleza: calcei-os. No jeito! Sem aquele entra e sai de pés.
"Não precisa embrulhar. Vou usá-los já!". E guardei os malditos sapatos largos na sacola improvisada.
Fui caminhando e cantando... até que senti latejar o dedão, depois o dedinho de cá, logo mais o dedinho de lá...o calo da frente...
Caramba!!! Agora os sapatos estavam me matando de tão apertados!
Nem adiantava voltar lá, na rodoviária, porque o número 35 folgava às pampas.
Que saco! Lá fui eu, com os pés arreganhados dentro dos sapatos matadores, como patas de gato quando assustado.
Menina: que dor do cacete!
Tive de me arrastar por três quarteirões que mais pareciam a ponte rio-niterói! Um infinito...
Cheguei no meu trabalho e tirei os pés à força dos sapatos apertadésimos.
Voltei a acomodá-los no par folgado e....gente! Que delícia! Que tudo de bom!
Por isso me digo na fase do "é relativo". Melhor folgar do que apertar!

Modelito

Durante o dia tive uma ideia: vou jantar com meu amor no meio do caminho.
Ele topou e mandou torpedo: 'vem que te pego na rodoviária'.
Fui pra lá, saltitante. Uma hora de bus e já estava agarrada ao meu menino de olhos azuis.
'Vamos comer onde?', 'Shopping?', 'Ah, conheço um lugarzinho que sempre passo na frente, mas nunca entrei.','Tantufaz. Quero é estar com você.'
E mandamos ver num sushi bar com direito a saquê.
Depois fui convencida a não voltar na mesma noite: 'Fica comigo, vai?'
Nem precisou pedir duas vezes. Fiquei.
Foi delicioso quebrar a rotina e dormir abraçadinho.
Os planos mirabolantes para o dia seguinte: acordar às 5 da matina. Pegar o ônibus antes das 6. Descer na rodoviária - essa que anda mega presente na minha vida nestes últimos tempos -, pegar o metrô, correr pra casa (porque não dá pra ir trabalhar com a mesma roupa...), trocar-me, voltar pro metrô, chegar no trabalho até às 9h30.
No papel, tudo mais que perfeito, não fosse o big trânsito que peguei na entrada dessa cidade que tá me deixando looouuuca!
Cheguei na mais que íntima rodoviária e percebi que os planos já tinham ido por água abaixo. Nunquinha que faria tudo no tempo que me restava. E agora? Aparecer no trampo com a mesma roupa da véspera?
Eu não sou uma pessoa com frescuras, mas isso me incomoda demais! Ah, se incomoda...
Então, como sou brasileira e não desisto nunca, lá fui eu procurar, na dita rodoviária, uma loja de blusas.
Rodei pouco e logo achei uma que me serviu como luva.
"Nem precisa embrulhar. Vou usar agora". E guardei a da véspera numa sacola improvisada - sim eu sei. Tô ficando repetitiva.
Mas pelo menos o guardarroupa está sendo renovado, graças à rodoviária.

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