18 de janeiro de 2010

Da série Perfeição


Larga d'eu

Sabe quando tudo se encaixa e nada sai do lugar?
Quando bate uma ventania danada e não desalinha os cabelos?
Ou o sol que nasce não queima, só deixa morno cada pedaço da gente?
Me sinto assim: vivendo um tempo de total perfeição.
Mesmo com a minha imperfeição me cutucando aqui e ali.
O que me envolve está rigorosamente certo e exato, sem tirar nem pôr.
E veja só que coisa mais absurda: pego-me duvidando.
Isso mesmo. Como se eu não merecesse a paz que sinto nem o amor que me preenche.
Vai te catar, racionalidade besta!
Hoje sou só coração.

On line

Ele olha e eu dou uma piscada.
Já sabe o que pensei e retribui com um gesto.
Eu entendo e escrevo a resposta no ar.
Ele acolhe e manda um beijo telepático.
As mãos que vejo... sinto-as no meu rosto.
Não trocamos palavra falada, mas letras, gestos, caras, bocas e real sentimento.
É nosso amor na webcam.

Paixonite

Hoje acordei e dei uma topada na beira da cama. Não senti nada.
Não praguejei. Apenas me olhei no espelho e achei que estou mais bela.
Nada a ver com beleza física, mas tenho agora um olhar de outros tempos.
A pasta de dente caiu da escova na hora em que a levei à minha boca.
Dei risada... ah! Como é bom ter problemas como esse: pastas que caem da escova!
Cheguei no trabalho e me senti flutuando. Quase subi direto, sem elevador.
Essa leveza mágica... só vivi nos primórdios de uma adolescência que eu mesma interrompi,
pra me fingir de grande.
A concentração estava difícil. Não conseguia pensar em nada mais do que nas recentes vivências.
Em momentos outros eu teria me irritado. Hoje? Que nada! Entreguei-me aos pensamentos.
Amanhã retomo as chatices cotidianas e dou um jeito de resolvê-las...
Não vou perder um milímetro dessa "bobeira boa" que tomou conta de mim como uma música suave da Enya.
Sabe assim? Zen total e vontade de mudar pra Shangrilá? Cadê a pressa, o estresse e essa coisa doida de mulher ativamente ativíssima que não para num canto?
Perdi...perdi tudo num fim de semana. Joguei fora, no meu trash pessoal.
Abri espaço nas prateleiras. Estou deixando que tudo se coloque de seu jeito, sem grandes equações nem respostas prontas.
Sinto-me estranha, confesso. Afinal, tudo isso é tão novo como essa minha cara de paixonite aguda e irreversível.
Tô saindo agora pra deitar na minha cama estilo oriental e sonhar acordada abraçada ao travesseiro.
Pode chamar-me de ridícula. Não ligo. E ainda te digo, plagiando o Mc Donald's: amo muito tudo isso!

Um comentário:

Tita disse...

É a vida se transformando. Por que será que em alguns momentos da vida a gente acha que a mesmice vai se fixar para sempre? Não se fixa e o novo sempre vai chegar. Adorei os 3 ultimos. Gostosoo de ler. Beijo, Cris