10 de maio de 2010

Da série Datas Comemorativas

Amãenhecendo

Fui mãe aos 29 anos, biologicamente falando.
Mas acho que me sinto mãe, de fato, há pouco tempo.
Creio que quando Gabriel fez 18 anos.
Pode parecer bobagem, mas depois que ele emancipou-se,
mudei meu jeito de olhar para meu filho - e para mim.
Como ser mãe de um homem que anda, pensa, fala e age por si?
Que função eu posso ter numa vida sendo traçada sem qualquer interferência minha?
Hoje pouco importa o que eu diga. Ele decide, não mais eu.
Antes de bater aquela sensação de inutilidade que dizem surgir nessa fase, parei pra refletir o meu papel hoje. Percebi que minha responsabilidade sobre Gabriel é a mesma.
Jamais deixarei, de alguma forma, de influir no dia a dia de meu filho, porque compartilhamos entranhas.
E essa cumplicidade física e emocional é a mais intensa que se pode ter. Irremediável e eterna.
Eu o plantei e o reguei do meu jeito. Outros jeitos hoje ele tem, porque se plantou. Mas muito é do que deixei ali, como semente.
E hoje me percebo tão mãe quanto antes, quando o cordão nos ligava e eu definia seus passos.
Acho que ser mãe é acreditar e confiar que o filho saberá fazer as melhores escolhas,
é ter certeza naquilo que foi dito lá atrás, quando nem bem o menino sabia ler ou escrever.
Ser mãe é ter fé de que a vida será gentil com o menino, mesmo que alguns tropeços o façam se repensar.
Acho que nunca fui tão mãe como hoje. Fortalecida e feliz por saber que meu pequeno é um homem de barba rala, ideias próprias, sorriso autêntico e sonhos seus.
Por isso ontem, até então, foi o mais significativo pra mim nesse tal Dia das Mães.
O primeiro, depois de 19 anos, em que ele não estava ao meu lado.
Mas ao meu lado, pulsando, ele está.

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