4 de junho de 2010

Da série Filosofia barata

Óbito

Atropelei um inseto e causei um desequilíbrio ecológico.
Porque aquele serzinho, que se estatelou no parabrisa de meu carro, tinha uma missão única: levar o pólen para se tornar planta qualquer em qualquer lugar.
Não teve a menor chance. Nem eu pude evitar o seu trágico fim.
Apertei o botão da água com sabão e liguei os limpadores, que foram e voltaram três vezes no vidro, tirando qualquer rastro do homícidio.
Quantos e quantos perdem a sua chance de fazer alguma coisa imprescindível, atropelados por inconsequências do destino...

Igual

Num mesmo recinto, três pessoas vestiam a blusa da mesma cor.
Isso acontece vez ou outra. Também como três pessoas próximas que quebram o dente ou perdem a obturação no mesmo dia ou na mesma semana.
Mulheres unidas menstruam unidas, já dizia o ditado absorvente.
Mas existem coincidências mais dramáticas como duas pessoas apaixonarem-se por um mesmo outro.
Ou 10 fulanos terem de dividir a bolada da mega sena: acertaram e-xa-ta-men-te os mesmos 6 números!
Seriam as conicidências ou será que a vida, com suas cores, números e dentes, anda mesmo é repetitiva?

Cérebro sacana

Certas situações me fazem rir de outras que nem tem muito a ver.
Os links do meu cérebro são próprios.
O tema pode ser mais ou menos parecido, mas os momentos, as pessoas, os cenários... tudo bem diferente.
Hoje foi um dia desses, em que vi um senhor quase cair da cadeira que não estava lá. Estava, na verdade, mais ao lado. Ele é que não a viu.
Lembrei de uma vez que tomei um táxi e o senhor motorista queria passar para a faixa da esquerda e foi olhar pela janela se vinha alguém. A janela estava fechada.
Hoje, ao ver a pessoa quase cair de uma cadeira imginária, mantive minha elegância - e educação. Mas quando estava mais longe, não consegui segurar e ri dessa cena e daquela que vivi há mais de 10 anos, num táxi qualquer de uma rua que nem me lembro mais qual era.
Por essas e por outras que os programas de TV ganham rios de audiência com as cacetadas que essa vida dá.

Danaram-se

Alguns problemas se tornam crônicos na vida de algumas pessoas.
Esses mesmos problemas vão e não voltam na vida de outros.
O jeito como cada um lida com determinado tema faz toda diferença.
Veja a Cacilda. Ela só namorava caras galinhas, que a traíam a torto e a direito.
Até se autointitulou cornuda de mão cheia. Onde tocava, lá vinha mais um cafajeste.
Ela se entregava, fazia tudo por ele, fingia, por um bom tempo, que não sacava as traições.
E em cada nova relação que ela entrava, já fazia a mesma pergunta: "quando será que este vai me trair? Logo de cara? Alguns meses à frente? Ou será que já me traiu hoje?"
Tânia foi diferente. Amou mesmo o Adilson. Mas um tempo depois descobriu que ele saia com outra o tanto de tempo que estava com ela.
Tânia ficou bem mal. Abalou-se profundamente. E até demorou pra engatar uma segunda.
Mas conseguiu se envolver com um cara que tinha tudo pra ser o amor de sua vida.
Dedicou-se, entregou-se, fez tudo por ele. Até que soube que o peste era galinha daqueles mais afoitos.
Não teve dúvida: capou o rapaz numa noite mais que planejada.
E nunca mais foi traída. Não que ela saiba. Pelo menos, na cadeia, está mais protegida.
Cacilda continua na mesma... alimentando os traidores com sua baixa autoestima.

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