Acordei e o dia não veio.
O mar estava seco e as flores voltaram ao botão.
Abri a janela e senti o ar varrendo o meu peito.
Procurei, em vão, um baú velho, onde guardei minha história passada.
Em seu lugar encontrei um livro aberto, com nada escrito.
Olhei-me no espelho e eu era disforme, mas, no fundo de meus olhos, me reconheci.
Os limites daquele lugar me sufocavam tanto que, num impulso,
flutuei, vaguei sobre as coisas não mais minhas.
Ao passar em cima do mar, ele se encheu, se abriu pra mim.
Uma força, que eu nem sabia, deu um grito doce e abriu os meus braços, como asas.
Ao olhar para trás, vi um útero por demais pequeno.
Ainda recoberta de algo que foi se soltando de meu corpo,
que agora tomava forma, pousei em novo chão, meio árido, meio úmido... mas meu.
Percebi à minha frente uma longa estrada. Longa, mas minha.
Vi que o sol nascia diferente dos tantos sóis que já queimaram minha pele. Diferente... mas meu.
Depois de tudo e de tantos, vivo o meu gênesis.
Top five
Você já parou pra pensar nas cinco coisas que te são mais importantes?
Aquelas que você tanto quer mas pouco ou nada tem?
Eu penso nisso... sempre... especialmente nos finais de ano.
É simbólico, eu sei, crer que a partir de 1º de janeiro tudo começa novo - e de novo.
Que seja um símbolo, mas convenhamos: precisamos disso para continuar acreditando.
Pois estas são as cinco coisas que mais quero e menos tenho:
1. Todo prazer de viver, que mereço
2. Fidelidade a mim mesma
3. Paixão apaixonada
4. Coragem de ousar para sair de horizontes estreitos
5. Mais coração, menos razão
Não sei se em 2010 conquistarei alguma coisa mais disso tudo. Mas no final de 2008, dentre os top five que elegi, estava a fé em mim mesma. Foi o melhor presente que me dei nos 365 dias que se encerrarão em breve... então, vou em frente!
Simpatia
Ela fazia tudo que era simpatia para garantir um ano novo repleto de coisas boas.
De mala vazia, dava voltas em torno da casa - garantia de viagens
Na carteira, a folha de louro e o caroço de romã - pra não faltar dinheiro.
Calcinha verde - esperança -, sutiã vermelho - paixão.
Um prato de lentilhas, que ela não lembrava pra que servia, mas que virara tradição.
Pular 7 ondas e fazer 7 pedidos: saúde, emprego, amor, filhos... que mais pedir? Deixava crédito para o ano seguinte.
Ano após ano, a mesma coisa. E assim foi por 82 anos.
Não me pergunte o que ela conseguiu com tudo isso. Não faço a mínima ideia!
Mas ela foi feliz... pelo menos é o que dizem. E é o que interessa. Ou não?
Virada
Fogos, champagne, branco, risos, ceia, mar, céu, lua, velas, abraços, promessas, pedidos, beijos na boca, filhos gerados na madrugada quente...
Esperança boa que, no dia seguinte, a história tome novos rumos.
E o que a rotina estragar, deixar pra lá nos 365 dias, não tem problema.
No outro 31, à meia noite, tudo recomeça com fogos, champagne, branco, risos, ceia, mar, céu, lua, velas, abraços, promessas, pedidos, beijos na boca, filhos gerados na madrugada quente... é a vida.
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